segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A Parábola do Semeador




Na bíblia: (Mateus, 13:1-9 - Marcos 4:1-9 - Lucas 8:4-8)

Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar. Em torno dele logo reuniu-se grande multidão. Disse, então, Jesus ao povo:
Saiu o que semeia, a semear a sua semente. E ao semeá-la, uma parte caiu ao longo do caminho, foram pisadas e as aves do céu a comeram.
Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra; nasceu depressa; mas logo que saiu o sol, foram queimadas porque não tinha raízes.
Outra parte caiu entre espinheiros, e logo os espinhos que nasceram com elas as abafaram.
Outra, finalmente caiu em terra boa, vingou, cresceu, produziu frutos.
Dito isto, começou a dizer em alta voz:
- O que tem ouvidos de ouvir, ouça.
Então os seus discípulos lhe perguntaram que queria dizer essa parábola, e ele, explicando-a, lhes respondeu:
A semente é a palavra de Deus.
A que cai à beira do caminho, são aqueles que a ouvem; mas, depois, vem o mau e tira a palavra de seus corações, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
A que cai no pedregulho, significa os que recebem com gosto a palavra, quando a ouvem; mas, não tendo raízes, em sobrevindo a tribulação e a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam e voltam da atrás.
Quanto a que caiu entre espinhos, são os que ouvem a palavra; mas, os cuidados deste mundo, a ilusão das riquezas e as outras paixões, a que dão entrada, afogam a palavra, e assim fica infrutuosa.
Mas a que caiu em boa terra, são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.


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Evangelho da Meninada


E agora vou contar-lhes uma bonita parábola de Jesus; chama-se a parábola do semeador.
Parábola! O que é parábola, dona Lina, pergunta­mos curiosos.

Parábolas são pequeninas histórias que encerram sempre um ensinamento. Jesus recorria muito a parábolas para ensinar ao povo.

Um dia um semeador saiu a semear trigo em seu campo. Uma parte das sementes caiu na beira da estrada, foi pisada pelos que passavam e os passarinhos comeram-nas. Um punhado caiu entre pedregulhos, nasceu mas logo secou. Ou­tra parte caiu entre espinhos. Os espinheiros cresceram e afogaram as plantinhas. E por fim muitas caíram em boa terra; germinaram, cresceram e deram muito trigo; cada grão produziu cem.

Tal e qual a horta que o Antônio fez; onde tinha pe­dras, não deu nada, disse dona Leonor.

Todos olhamos para o sr. Antônio, que procurou justi­ficar-se explicando que não percebera as pedras sob a leve camada de terra. Dona Lina riu e continuou:

- Vou dar-lhes o sentido da parábola do semeador. O campo que o homem semeou é o mundo; as sementes são os ensinamentos divinos que Jesus nos trouxe. Quem ouve os ensinamentos e não os pratica, é como a semente que caiu na beira da estrada, pisada pelos caminhantes e comida pelos passarinhos. Outros recebem com prazer os ensina­mentos mas pouco tempo depois os esquecem; são os que receberam a semente entre pedregulhos. Aqueles que rece­bem a semente entre espinheiros são os que acham difícil praticar as lições divinas e preferem viver entregues aos negócios do mundo. Finalmente os que recebem a semente em boa terra, são todos aqueles que procuram viver de acordo com as lições de Jesus.

  E como é que se vive de acordo com as lições de Jesus, dona Lina? perguntou a Cecilia.

  Fazendo sempre o bem e perdoando as ofensas que os outros nos fizerem, respondeu prontamente o Roberto.

  Isso mesmo, confirmou dona Lina. Jesus compara o mundo a uma grande roça onde devemos plantar as semen­tinhas do bem, as quais, germinando, farão a humanidade feliz.

  Mas o mundo é tão grande, Lina! suspirou dona Aninhas.

  De fato, Jesus também notou a extensão do trabalho; por isso disse a seus discípulos:

  “A seara verdadeiramente é grande e os trabalhado­res são poucos. Peçam ao Senhor da seara que mande tra­balhadores para sua seara”.
  
Quero ver em que terreno vão cair as sementes que hoje estou plantando no coração de vocês.

  Esperemos que nossos corações sejam terra boa, onde frutifiquem as lições do bem, disse dona Leonor.

   Jesus também afirmou que os que praticam suas lições são como uma lanterna que um homem acendeu para alumiar toda a casa. E agora até amanhã que já passa das oito horas, concluiu dona Lina, levantando-se.


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A semente é a palavra de Deus. O solo, o coração.

Conforme a sua vontade, na aceitação da palavra de Deus e na maneira como procedem após tê-la ouvido, os homens podem ser classificados como: “beira do caminho”, “pedregal”, “espinheiro” ou “terra boa”.

A que cai à beira do caminho, são aqueles que a ouvem; mas, depois, vem o mau e tira a palavra de seus corações, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.

Há a turma da “beira”.
É o pessoal do lado de fora, alheio à palavra.
Seus representantes comparecem ao Centro Espírita motivados por variados problemas, de ordem física e emocional.
Procuram o hospital.
Sua intenção é meramente receber benefícios. Escasso interesse quanto às palestras e orientações.
A atenção fica difícil, vêm os bocejos; as pálpebras pesam; cerram-se se os olhos e o sono triunfa. O conhecimento da D.E. faz apelo à razão, que exige atenção e disposição para assimilar seus conceitos renovadores.  (Richard S.)
A que cai no pedregulho, significa os que recebem com gosto a palavra, quando a ouvem; mas, não tendo raízes, em sobrevindo a tribulação e a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam e voltam da atrás.

Há a turma das “pedras”.
Ouvem a palavra e a recebem com alegria.
Assimilam algo, mas não estão dispostos a enfrentar os dissabores da adesão.
O sol abrasador dos preconceitos e das discriminações torra facilmente as frágeis raízes de sua fé.
Acontecia com o Espiritismo no passado.
Falava-se que os espíritas eram adoradores do demo. As pessoas recusavam-se a passar em frente ao Centro.
Na própria família havia problemas. Raros resistiam.
Ainda hoje, temos simpatizantes que não se integram para não criar problemas com o cônjuge, renunciando a um dos dons mais preciosos da existência – a liberdade de consciência, o direito de exercitar nossos ideais e convicções. (Richard S.)
Quanto a que caiu entre espinhos, são os que ouvem a palavra; mas, os cuidados deste mundo, a ilusão das riquezas e as outras paixões, a que dão entrada, afogam a palavra, e assim fica infrutuosa.

Há a turma dos “espinhos”.
Aceitam a palavra, mas as seduções do mundo a sufocam.
Com a ampla visão das realidades espirituais que a Doutrina Espírita nos oferece, ficam encantados, mas…
Conversei, certa feita, com um simpatizante:
O Espiritismo é bênção de Deus. Amo seus princípios, a ação espírita no campo social, o exercício da caridade. Gostaria de participar, mas não me sinto preparado. Sou fumante inveterado e abuso dos aperitivos.
Como comerciante, nem sempre me comporto com lisura e reconheço ter gênio difícil.
O Espiritismo deitou boas raízes nele, mas as fraquezas, espinhos danosos que não quer eliminar, falam mais alto.
Outro dizia.
Reconheço-me despreparado para a Doutrina, mas não me preocupo. Temos a eternidade pela frente.
Realmente, temos todo o tempo do mundo, para atingir a perfeição, mas as pessoas esquecem uma recomendação de Jesus (João, 12:35): Andai enquanto tendes luz.
Imperioso aproveitar as oportunidades de edificação da jornada humana. É para isso que estamos aqui.
Amanhã, poderá nos faltar a luz, a lucidez, a saúde, o vigor físico, a possibilidade de mudar e penoso será o futuro se não o fizermos. (Richard S.)

Mas a que caiu em boa terra, são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.
E há a turma do “solo fértil”.
É o pessoal que ao primeiro contato com a palavra, sente um frêmito de emoção, algo que toca o mais íntimo do ser, como se sua vida estivesse, até então, em compasso de espera. É um maravilhoso despertar, que ilumina os caminhos.
Estes logo “arregaçam as mangas” e tornam-se multiplicadores de sementes, produzindo trinta, sessenta ou cem por um, segundo suas possibilidades, mas sempre estendendo o Bem ao redor de seus passos para que o Reino se estenda pelo mundo. (Richard S.)

Há um aspecto a ser destacado.

Por que, se somos todos filhos de Deus, há vários tipos de solo?
Por que muitos não se sensibilizam?
Por que, há os que se sensibilizam, mas permanecem distantes, preocupados com opiniões alheias?
Por que há os que se aproximam, mas não estão dispostos a se envolver?
Por que, enfim, há os que se envolvem?
Por que, dentre eles, há os que produzem pouco e os que produzem muito?
Que fatores determinam reações tão díspares?
Se a palavra é para todos, porque não somos todos dadivosos?
A teologia medieval situava a turma do “solo fértil” como indivíduos escolhidos por Deus para a santidade, mas isso só complica a questão, configurando uma injustiça inconcebível.
Por que Deus escolheu o meu irmão ou o meu vizinho ou o meu adversário?
Por que não eu?
Só a reencarnação pode explicar essa diversidade de solos.
A natureza de nosso envolvimento com os valores do Evangelho e o que produzimos, condiciona-se à maturidade.
A vocação de servir, a disposição de uma participação efetiva, são frutos de experiências pretéritas.
Geralmente, o servidor do Evangelho já nasce feito, não por mera graça divina, mas como o resultado de suas experiências anteriores.
Veio da “beira”, para o “solo dadivoso”, com trânsito pelos “espinhos” e as “pedras”.
***
Será que podemos, já na presente existência, entrar para a turma especial do “solo dadivoso”?
Sem dúvida!
O lavrador pode limpar o campo, tirar as pedras e os espinhos revolver a terra, aplicar adubo…
Podemos e devemos fazer isso.
Para isso estamos aqui.
Depende de nossa iniciativa.
É preciso tão somente usar a enxada da vontade, revolver a terra da indiferença e aplicar o adubo do trabalho, preparando o solo do coração para as sementes do Evangelho.
Então, gloriosa será a nossa passagem pela Terra, com frutos dadivosos em favor do próximo e abençoada edificação para nós.

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