segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Elmer, o Elefante Xadrez (Autor David Mckee)


Era uma vez uma manada de elefantes. Elefantes novos, elefantes velhos, elefantes altos, gordos ou magros. Elefantes de um jeito ou do outro, elefantes assim ou assado, todos diferentes, mas todos alegres e todos da mesma cor. Todos menos o Elmer.



O Elmer era o diferente. Elmer era xadrez. Elmer era amarelo, alaranjado, vermelho, cor - de- rosa, roxo, azul, verde, preto e branco. Elmer não era cor de elefante.

Era Elmer que mantinha os elefantes alegres. Às vezes ele pregava peças nos outros elefantes, às vezes eles pregavam peças em Elmer. Mas quando havia um sorriso, por menor que fosse, geralmente era provocado por Elmer.

Certa noite, Elmer não conseguia dormir de tanto pensar, e o pensamento que ele estava pensando era que estava cansado de ser diferente. “Onde já se viu um elefante xadrez?”, ele pensou. “Não é pra menos que todos riam de mim.” De manhã, antes que os outros estivessem completamente acordados, Elmer foi embora pé ante pé, sem ninguém perceber.

Caminhando pela floresta, Elmer encontrou outros animais.

Todos diziam: “Bom dia, Elmer.” Elmer sorria e dizia: “Bom dia!”

Depois de muito andar, Elmer encontrou o que estava procurando - um grande arbusto. Um grande arbusto carregado de frutinhas, um grande arbusto carregadinho de frutinhas cor de elefante. Elmer agarrou o arbusto e chacoalhou, para as frutinhas caírem todos no chão.

Quando o chão se cobriu de frutinhas, Elmer se deitou e rolou de frente para trás, de um lado para o outro, várias vezes. Depois ele pegou cachos de frutinha e esfregou no corpo todo, cobrindo-se inteirinho com o suco delas, até não sobrar nenhum pedacinho amarelo, alaranjado, vermelho, cor-de-rosa, roxo, azul, verde, preto ou branco. No fim Elmer estava igual a qualquer outro elefante.

Depois Elmer saiu andando de volta para a manada. No caminho, passou de novo pelos outros animais.

Desta vez todos diziam: “Bom dia, elefante.” E Elmer sorria, dizendo: “Bom dia”, feliz por não estar sendo reconhecido.
Q
uando Elmer reencontrou os outros elefantes, estavam todos parados, muito quietos. Nenhum deles reparou em Elmer enquanto ele ia andando para o meio da manada.

Depois de algum tempo, Elmer sentiu que havia alguma coisa errada. Mas o quê? Olhou à sua volta: a mesma floresta de sempre, o mesmo céu azul de sempre, a mesma nuvem escura de sempre que passava de tempos em tempos e, finalmente, os mesmos elefantes de sempre. Elmer olhou para eles.

Os elefantes continuavam totalmente quietos. Elmer nunca os tinha visto tão sérios. Quanto mais olhava para aqueles elefantes sérios, silenciosos, parados e quietos, mais ele tinha vontade de rir. Finalmente não aguentou mais. Levantou a tromba e com toda a força de sua voz gritou: BOOOO!

Os elefantes deram um pulo e caíram para todos os lados, surpresos. “Caramba, o que foi isso?”, eles disseram. Foi então que viram Elmer rindo às gargalhadas. “Elmer”, disseram eles. “Só pode ser o Elmer.” E os outros elefantes começaram a rir também, como nunca tinham rido na vida.

Com as risadas a nuvem escura rebentou, e quando a chuva caiu em Elmer seu xadrez foi aparecendo de novo.  Os elefantes continuavam a rir, enquanto a água da chuva fazia Elmer voltar ao normal. “Oh Elmer”, disse um velho elefante, ofegando. “Você já nos pregou boas peças, mas essa foi a mais engraçada de todas. Não demorou muito para você mostrar suas cores verdadeiras.” “Temos que comemorar essa data todos os anos.” Disse um outro elefante, “Vai ser o dia de Elmer. Todos os elefantes terão de se pintar de muitas cores e o Elmer vai se pintar de cor de elefante.

E é exatamente isso que os elefantes fazem. Num certo dia do ano, todos se pintam e saem em desfile. Neste dia, se vocês virem um elefante cor-de-elefante, podem ter certeza de que é o Elmer.


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