segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Sensibilização Final do VII Encontro da Família


Quando as famílias retornam das atividades em sala para o salão principal, quatro cadeiras estão reservadas para os personagens. Após todos se acomodarem, os personagens entram e sentam nos lugares reservados previamente, junto com a plateia.  Cada um se levanta, na ordem abaixo, fala uma frase do Cap. XXV, item 6, 1º parágrafo e torna a sentar.

Não queira acumular tesouros na Terra (Jovem Rico)
Onde a ferrugem e a traça os consomem e onde os ladrões os desenterram e os roubam (Maria de Magdala)
Mas acumule para você os tesouros no Céu (Zaqueu)
Onde a ferrugem e a traça não os consomem, e onde os ladrões não os desenterram nem roubam (Espírito Esclarecedor)
Porque onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração (Francisco de Assis)

Depois, um de cada vez se levanta, dirige-se ao centro do palco e se apresenta, contando a sua estória em primeira pessoa.


O Jovem Rico

Eu fui um jovem rico, que possuía muitas vinhas, vitórias e um nome a manter, todos em Cesareia me conheciam e sabiam das minhas vitórias, mas embora repousasse em leito de madeiras preciosas e cuidasse do corpo com massagens de óleos raros, sentia-me infeliz. Até que um dia ouvi falar d’Ele, Jesus, e pela primeira vez em minha vida sentia-me arrebatado.

Questionava-me! Quem era Ele que assim lhe falava? Que poder exercia sobre sua vontade? Por qual sortilégio o dominava? Gostaria de fugir ou deixar-me arrastar, estava perturbado, ignorado e a sofreguidão me aniquilava. A meiguice e a ordem daquela voz, enunciada por aquele homem ecoavam como cascatas em desalinho nos abismos do meu espírito, sua voz penetrava como um punhal afiado, eu tinha sede de paz...

Irei contigo, Senhor, mas... Pedi: Permita-me primeiro competir em Cesareia, logo mais, disputando para Israel os triunfos dos jogos, pois aguardava aquela ocasião por muito tempo e ela se avizinha com a chegada do período das competições, mas quando o mestre pediu – me para dar tudo que tinha e segui – lo, tive receio, não de dar o que possuo, pois sei que dinheiro, ouro, gemas, títulos se gastam muito facilmente, mas o receio de perder meu premio, meu tributo e me prometi que logo após os jogos iria ao seu encontro.

Uma semana depois estava em Cesaréia a capital do ócio, e do prazer. Os festins de Cesaréia pretendiam rivalizar com os de Roma, atraindo aficionados até mesmo da Metrópole longínqua. Exercitei-me, contratei escravos que me adestraram... Aos partos comprei por uma fortuna, duas perelhas de fogosos cavalos novos e fortes. Os jogos ocorriam com grande rapidez e vitória, haviam gladiadores em combates simulados, que enchiam intervalos de som e de cor, eu era um deles.

Chicotes vibravam no ar, mãos firmes nas rédeas, e os guias e condutores davam velocidade aos carros frágeis. A celeridade prende a respiração em todos os peitos, mas em uma manobra menos feliz, um carro vira e um corpo tomba na arena, despedaçado pelas patas velozes, em disparada. Vi-me desacordado em meio aquele mar pessoas e silenciando os gritos na concha acústica tive a impressão de escutar uma voz amiga. E o ouvi, ao meio a tumulto, dizendo a mim: Renuncia a ti mesmo, vem, e segue – me. Reconheci o bom Mestre e respondi com um pranto de felicidade enquanto sentia dois braços veludosos e transparentes me acolhendo. Estava, aos seus braços, a sorrir, e ali naquele momento, encontrei minha felicidade.



Maria de Magdala  (Texto retirado do livro boa nova de Humberto de Campos, capítulo 20)

Entra em cena vestida luxuosa.

Eu me chamo Maria de Magdala.  Vivia entregue a prazeres e para todos era a mulher perdida em companhia de patrícios romanos.  Mas meu coração estava em desalento, era escrava dos meus próprios caprichos de mulher.  Envolvida por ardentes admiradores, meu espírito tinha fome de amor e quando ouvi as palavras de Jesus chamando os homens para uma vida nova, percebi que minha existência com todos os prazeres tinha sido estéril e amargurada... Onde estaria a verdadeira felicidade?  Que valeria as joias, as flores raras, os banquetes suntuosos, se, ao fim de tudo isso, conservava a minha sede de amor? (nesse momento ela vai retirando as joias)  Queria amar como Jesus amava, sentir com os seus sentimentos sublimes.   Mas me perguntava:  Será que Deus me aceitaria por ser eu uma filha do pecado?  Mas Jesus me acalentou dizendo que não estamos condenados ao pecado eterno.  Olhou-me com brandura sondando as profundezas de meu pensamento e disse que um novo sol iluminaria o meu destino porque o amor cobre a multidão de pecados.  O Profeta Nazareno havia plantado em minha alma novos pensamentos.  Renunciei a todos os prazeres transitórios do mundo, para adquirir o amor divino.   Acolhi como filhas as minhas irmãs no sofrimento, procurando os infortunados para aliviar-lhes as feridas do coração, estando com os aleijados e leprosos...  Porque depois da crucificação de Jesus, implorei aos apóstolos e seguidores do Messias que permitissem acompanhá-los, no entanto se negaram, temiam meu passado não confiando no meu coração de mulher.  Compreendi e me resignei lembrando dos ensinamentos do mestre.  Palmilhava agora o caminho estreito, onde fui só, com a minha confiança em Jesus.  Por vezes chorava de saudade, quando passeava no silêncio da praia.  Certo dia um grupo de leprosos cansados e tristes, em supremo abandono perguntavam por Jesus, mas todas as portas lhes fechavam.  Foi quando me sentido isolada, me aproximei e lhes transmiti as palavras do mestre, enchendo-lhes os corações das claridades do Evangelho.  As autoridades locais, ordenaram a expulsão imediata dos enfermos.  Foi quando ao perceber tamanha alegria no semblante dos infortunados, em face das revelações a respeito das promessas do Senhor, segui em marcha para Jerusalém, na companhia deles.  Todos se interessaram pelas descrições que fazia de Jesus, contagiados de alegria e fé.  Foi quando fomos conduzidos ao Vale dos Leprosos e uma coragem indefinível assenhorava-se em minha alma.  Dali em diante, todas as tardes, reunia a turba de meus novos amigos e lhes dizia o ensinamento de Jesus. Rostos ulcerados enchiam-se de alegria, olhos sombrios e tristes tocavam-se de nova luz.  Agonizantes arrastavam-se até junto a mim e me beijavam a túnica singela.  Lembrando o amor do Mestre, tomava-os em seus braços fraternos e carinhosos.  Em breve tempo, minha pele apresentava, igualmente manchas violáceas e tristes.  Compreendi a minha nova situação e recordei as recomendações do Messias de que somente sabiam viver os que sabiam imolar-se.  Experimentei grande gozo, por haver levado aos meus companheiros de dor, uma migalha de esperança.  Senti desejo de rever João e Maria e outros companheiros cristãos.  Despedi-me de meus companheiros de infortúnio recordando que Jesus deseja intensamente que nos amemos uns aos outros e que participemos de suas divinas esperanças, na mais extrema lealdade de Deus! (...) Abandonei o vale numa peregrinação difícil e angustiosa.  Sofri penosas humilhações mas observando as minhas próprias feridas que substituíam minha antiga beleza, alegrava-me em reconhecer que meu espírito não tinha motivos para lamentações.  Jesus me esperava e minha alma era fiel.  Quando cheguei na porta da cidade de Éfeso, meu corpo se negou a andar.  Uma modesta família de cristãos me acolheu em uma tenda humilde, por caridade.  Por largos dias debati-me entre a vida e a morte.  Em uma noite de profundas dores, sentia minha alma com os olhos da imaginação o lago querido, os companheiros de fé e o Mestre bem-amado.  Meu espírito transpôs fronteiras da eternidade radiosa. Foi quando vi Jesus aproximar-se, mais belo que nunca.  Seu olhar tinha o reflexo do céu e o semblante trazia um júbilo indefinível.  O Mestre estendeu-me as mãos e recolheu-me nos braços e murmurou: - Maria, já passaste a porta estreita! (...) Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui



Zaqueu (Adaptação do texto ditado Espírito Léon Tolstói, no livro Ressurreição e Vida - Médium: Yvonne A. Pereira) 

Me chamo Zaqueu! Eu era um cobrador de impostos, um homem rico, muitos achavam que eu tinha uma vida reprovável. Quando Jesus chegou à cidade de Jericó, dirigiu-se a mim e disse que iria à minha casa.
Quanta felicidade invadiu a minha alma. Eu lhe disse que desde muitos anos, vinha procurando empregar o dinheiro em benefícios para todos os que me rodeavam na vida, ajudando muitos pais de família sem trabalho, organizando serviços de criação de animais e de cultivo permanente da terra, muitas famílias já vieram buscar, em meus trabalhos, o indispensável recurso à vida! ... Os servos de minha casa nunca me encontraram sem a sincera disposição de servi-los.
Eu lhe disse: Senhor! Senhor! tão profunda é a minha alegria, que repartirei hoje, com todos os necessitados, a metade dos meus bens, e, se tiver prejudicado a alguém, irei indenizá-lo, quatro vezes mais.
"A bondade do Mestre Galileu, honrando-me com uma visita e uma refeição em minha casa, eu, um renegado pela sociedade porque era um cobrador de impostos, tocou-me para sempre o coração, ... - Ele compreendeu as minhas necessidades morais de estímulo para o Bem, o meu aflitivo desejo de ser bom. Penetrou os mais remotos esconderijos do meu ser moral; contornou, com seu amor, todas as aspirações do meu Espírito, filho de Deus, que sofria por algo sublime que lhe aclarasse as ações... E conquistou-me, assim, por toda a eternidade...
Zaqueu retira a túnica luxuosa e por baixo desta estará vestido de forma rústica e simples, retira o calçado
Por esse tempo, eu deixei Jericó, desliguei-me das minhas funções, dei parte dos meus bens aos pobres, conforme prometi a Jesus, provi, com a outra parte, recursos para minha família, distribui minhas terras entre os camponeses mais necessitados, reservando o estritamente necessário à minha manutenção pelos primeiros tempos.
Muito sofri e chorei quando o Mestre foi levado à Cruz. Não, eu não o abandonei jamais, desde aquele dia em que passou por Jericó! Segui-o, ouvindo e admirando. Inconsolável por sua ausência e sentindo em mim um vazio aterrador, meu recurso para não desesperar ante a saudade e o pesar pelo desaparecimento desse Amigo incomparável foi insinuar-me entre seus discípulos, a fim de ouvir falarem dele... mas não perceberam a minha insignificante pessoa
Passei a falar do Mestre e da sua Doutrina... dos seus atos, das maravilhas que operara por entre os doentes, os pecadores e os desgraçados.... E, se não curei leprosos, estanquei a aflição de muitas lágrimas com exposições sobre Jesus. Se não levantei paralíticos, pelo menos ergui a coragem da fé em muitos corações desanimados. Se não expulsei demônios, recuperei almas para o dever com Deus. ...E, assim, minha alma se alegrava em Cristo, dilatando os meus propósitos de progresso...
E encontrei, então, dentro de mim próprio, aquele Reino de Deus que ele anunciara... Encontrei-o na paz do dever cumprido, que me embalava o coração...



Francisco de Assis encerra: (Boa Nova, cap. 23 O servo bom e O Livro dos Espíritos, questão nº)
Amigos, acreditas, porventura, que o Evangelho tenha vindo ao mundo para transformar todos os homens em miseráveis mendigos? Qual a esmola maior: a que socorre as necessidades de um dia ou a que adota providências para uma vida inteira? No mundo vivem os que entesouram na Terra e os que entesouram no Céu. Os primeiros escondem suas possibilidades na ambição e no egoísmo e, por vezes, atiram moedas ao faminto que passa, procurando livrar-se de sua presença; os segundos ligam suas existências a vidas numerosas, fazendo de seus servos e dos auxiliares de esforços a continuação de sua própria família. Estes últimos sabem empregar o sagrado depósito de Deus e são seus mordomos fiéis, à face do mundo.
Assim, meus irmãos, à medida de felicidade comum a todos os homens é para a vida material, a posse do necessário; para a vida moral, a pureza da consciência e a fé no futuro.

Ao final, entra o Espírito e de mãos dadas todos cantam a Oração de Francisco de Assis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, ele é muito importante para a avaliação do nosso trabalho!