"Sou Benedita Fernandes, nasci em Campos Novos, interior de São Paulo, e estou aqui para contar minha história.
Como toda história tem um começo, fui vasculhar minha memória na busca de lembranças da minha infância e percebi que sempre me vejo só.
Até parte da minha juventude não acreditava ter vindo de lugar algum, sem família, sem referência, mergulhei na escuridão. Realmente enlouqueci guiada por impulsos incontroláveis e vozes imperativas que me levavam a vagar sem rumo pelas ruas, dia e noite.
Causei tantos incômodos à população, que diante do estado em que me encontrava só me restou o cárcere. Enjaulada feito bicho selvagem acreditei ter chegado ao fim, mas ao contrário do que imaginava, encontrei o fim de um ciclo de dor e tormento.
Quem poderia imaginar encontrar ajuda na cadeia?
Amigos na cadeia?
Pois é, eu encontrei.
Os carcereiros que deveriam me manter presa romperam com as convenções e contrariando tudo e todos, muito me ajudaram ministrando passes, eles me falavam de uma doutrina que dá sentido a vida e transforma pessoas, falavam de bondade, consolação, amor. E lá, da escuridão em que me encontrava, avistei uma luz e resolvi segui-la, e como quem desperta de um coma voltei à vida.
Foi tão bom me sentir cuidada, foi um alento. Sempre achei que precisava de ajuda, nunca achei que a merecesse, e foi assim que o Espiritismo mudou a minha vida me fazendo enxergar que na realidade nunca estive só.
Aquela história de uma mulher negra, pobre, analfabeta e desequilibrada, com fim previsível, tomou novos rumos.
Abracei essa oportunidade com unhas e dentes e fui para Araçatuba construir vida nova. Sentia-me forte, quando olhava para trás não via mais a doença que me atormentava, só os anjos que me salvaram. Eu tinha uma bússola, uma meta, e uma vontade incontrolável de trabalhar.
Ergui com minhas próprias mãos e com o auxílio de irmãs de luta pequenas casas para abrigar aqueles que como eu visitavam as trevas da loucura.
O trabalho cresceu, ganhou colaboradores e o apoio do povo em geral. Depois de muitas obras deu origem ao primeiro sanatório espírita do interior de São Paulo. Ousadia não é?!
Eu queria que essas pessoas fossem cuidadas como eu fui, mas que isso não acontecesse na cadeia.
Algum tempo após fundei a Associação de Senhoras Cristãs que logo ganhou sede própria e o trabalho se desdobrou em atendimento a doentes mentais e crianças órfãs.
Dividia - me entre as obras assistenciais, o trabalho de médium passista e as reuniões pelo movimento de unificação da doutrina espírita.
Para quem escuta esse breve relato cheio de realizações pode pensar que foi fácil, mas os obstáculos financeiros, sociais, e políticos nunca deixaram de existir, no entanto o triunfo do bem é certo e por isso nunca esmoreci, fiz o melhor que pude em retribuição a essa doutrina libertadora.
Sei que ainda temos muito a fazer e que o ideal espírita jamais morrerá porque ele se reafirma a cada ato de caridade, a cada livro folheado, a cada jovem tocado.
Assim ele resistirá ao tempo se imortalizando nas atitudes dos espíritos renovados."
Depois, a turma foi divida em dois grupos e as evangelizadoras disseram nomes animais e profissões diferentes, para que eles imitassem, fazendo mímica para os grupos descobrirem, o grupo que acertassem mais ganhava.
Fizeram vivências das encarnações passadas, onde cada evangelizando se imaginou em dois tipos de existência: uma com boa condição financeira e outra com dificuldade. Vestiram trajes que foram disponibilizados para representarem uma de suas encarnações, e depois um de cada vez respondeu algumas perguntas.
VOCÊ ERA FELIZ OU NÃO?
O QUE VOCÊ FAZIA?
O QUE VOCÊ GOSTAVA?
Deixaram eles se expressarem livremente.
Explicaram que deveriam tirar as roupas, porque aquela existência já havia passado. E tempos depois cada um deles renasceu para viver outra vida. Eles reencarnaram. Trocaram de roupa, quem era do grupo 1 trocou de roupa com quem era do grupo 2.
Fizeram um Teatro de fantoches com a história Nova Chance, contando a história de Sandrinha onde os evangelizandos sugeriram qual seria o final da história, sendo que, se não houvesse sugestões, as evangelizadoras tinham um final preparado.
Material selecionado: bonecos de fantoches, arara para servir de palco.
NOVA CHANCE
Sandrinha era a única filha de um casal bondoso e trabalhador. Desde criança, demonstrou ser muito desobediente e teimosa. Não lhe faltavam os conselhos, nem o carinho dos pais. Entretanto a menina, rebelde, desprezava-os, respondia mal e nunca se interessava em cumprir seus deveres escolares, nem os de casa.
O tempo passava e Sandrinha continuava a não aproveitar as oportunidades que seus pais ofereciam.
Jovem ainda adoeceu gravemente e desencarnou. Ao despertar no mundo espiritual, sua consciência acusava-a da oportunidade perdida.
Sandrinha ficou muito triste. Lembrava-se das respostas malcriadas que dava a seus pais e isso não saía de sua cabeça e nem de seu coração.
Um dia suplicou, pediu muito ao seu Espírito Protetor para que lhe fosse dada uma nova chance, reencarnando novamente, isto é, nascendo outra vez e crescendo para tornar-se uma boa menina.
Sandrinha conseguiu a nova chance, porém, não mais nas condições anteriores.
Foram feitas as perguntas:
- Como será a nova reencarnação de Sandrinha? Os evangelizandos tiveram que completar.
- Será que Sandrinha aproveitará bem a nova chance? Sim ou não?
- Como? De que dependerá a vitória?
Reencarnaria em outro lar, ficando órfã, ainda menina e cedo teria de trabalhar para pagar seus estudos. Vencendo essas dificuldades, ela teria um grande progresso espiritual.
Sandrinha agradeceu, comovida, a nova chance, compreendendo a importância das lutas que teria de enfrentar.
Alguns meses depois, renascia Sandrinha, em novo corpo, em outro lar.
A oficina de Teatro/Reencarnação foi planejada pelas evangelizadoras Sara Figueiredo (Maternal) e Valéria Senna (3º Ciclo), com a colaboração da nossa Coordenadora Graça Borges.
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