(Do cap. 39 do livro Pai Nosso, de
Meimei, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier)
https://www.youtube.com/watch?v=ykGM0ZaeQtg |
Num país
europeu, certa tarde, muito chuvosa, um maquinista, cheio de fé em Deus,
começando a acionar a locomotiva com o trem repleto de passageiros para longa
viagem, fixou o céu escuro e repetiu, com muito sentimento, a oração dominical.
O comboio
percorreu léguas e léguas, dentro das trevas densas, quando, alta noite, ele
viu, à luz do farol aceso, alguns sinais que lhe pareceram feitos pela sombra
de dois braços angustiados a lhe pedirem atenção e socorro.
Emocionado,
fez o trem parar, de repente, e, seguido de muitos viajantes, correu pelos
trilhos de ferro, procurando verificar se estavam ameaçados de algum perigo.
Depois de
alguns passos, foram surpreendidos por gigantesca inundação que, invadindo a
terra com violência, destruíra a ponte que o comboio deveria atravessar. O trem
fora salvo, milagrosamente.
Tomados de
infinita alegria, o maquinista e os viajores procuraram a pessoa que lhes
fornecera o aviso salvador, mas ninguém aparecia. Intrigados, continuaram na
busca, quando encontraram no chão um grande morcego agonizante, O enorme voador
batera as asas, à frente do farol, em forma de dois braços agitados, e caíra
sob as engrenagens.
O
maquinista retirou-o com cuidado e carinho, mostrou-o aos passageiros
assombrados e contou como orara, ardentemente, invocando a proteção de Deus,
antes de partir.
E, ali
mesmo, ajoelhou-se, ante o morcego que acabava de morrer, exclamando em alta
voz: – Pai Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o
teu reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no céu; o pão nosso de
cada dia dá-nos hoje, perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos
devedores, não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal, porque teu é o
reino, o poder e a glória para sempre. Assim seja.
Quando
acabou de orar, grande quietude reinava na paisagem. Todos os passageiros,
crentes e descrentes, estavam também ajoelhados, repetindo a prece com amoroso
respeito. Alguns choravam de emoção e reconhecimento, agradecendo ao Pai
Celestial, que lhes salvara a vida, por intermédio de um animal que infunde
tanto pavor às criaturas humanas.
E até a
chuva parara de cair, como se o céu silencioso estivesse igualmente
acompanhando a sublime oração.
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