Era uma vez uma roseira.
Apenas uma roseira, no meio de tantas
no roseiral.
Mas era uma roseira diferente!...
Seus galhos eram mais fortes e as
flores nasciam tão juntinhas como se quisessem estar bem próximas para ajudarem
umas às outras...
No galho mais alto vivia a rosa
maior. Tinha nascido um pouco antes das outras.
Quando as flores daquela
roseira conversavam, era ela quem mais sabia e quem dava os melhores conselhos.
Era mesmo a irmã mais velha das
rosas, sempre ocupada em ajudar as irmãzinhas mais novas.
Todos que a viam achavam que era ela
a mais bonita e perfumada. Talvez por ser tão boa...
E as rosas sentiam orgulho daquela
irmã tão boa, tão bonita e que sabia tudo.
Quando as flores reclamavam do calor do sol do meio-dia, a Rosa
Irmã-mais-Velha falava calmamente: – Aprendam a esperar um pouco porque bem depressa a brisa suave
chegará para nos refrescar...
Quando chegavam as noites muito frias, as flores tremiam geladas
e curvavam-se, tanto quanto podiam, para a Rosa Irmã-mais-Velha, como a pedir
proteção.
Ela falava baixinho, aconchegando as irmãzinhas: – Tenham paciência. Bem depressa chegará a manhã e o calor do
sol nos aquecerá...
E assim sempre acontecia.
Certo dia, o dono do roseiral chegou com uma grande tesoura. Com
ele vinha um alegre casal. E o dono do roseiral foi cortando uma, duas, três e
muitas rosas.
– Por que isso? - perguntaram, aflitas, as rosas.
– Vocês não ouviram a conversa? As flores vão enfeitar a festa
de casamento do casal.
– E está certo cortar-nos? perguntou uma rosinha bem nova.
– Sim. Esta é a razão de nós existirmos. – respondeu a Rosa
Irmã-mais-Velha.
– Não entendi.
– Pois saiba que cada um aqui na Terra nasceu com uma
finalidade. Nós, as flores, nascemos para embelezar e alegrar. E devemos ficar
contentes por tornar mais bonita uma festa de casamento.
E a rosinha entendeu bem que todos nasceram com um propósito de
fazer alguma coisa de belo e bom. Todos: as pessoas, os animais e até as
plantas. Ela agora já sabia para que tinha nascido, já conhecia a sua razão de
viver no mundo.
Um dia a Rosa Irmã-mais-Velha acordou diferente. Suas pétalas
estavam ficando sem brilho e um pouco enrugadas. “Será que ela está doente?” -
pensaram as irmãs.
Os dias se passaram e ela foi ficando cada vez mais murcha. A
rosinha mais nova, preocupada, perguntou: – O que está acontecendo com você?
– Está chegando o momento de mudar.
– Como? Vai deixar-nos?
– Vou para outro lugar. Vou morrer, como dizem. Eu não mais
serei esta flor. Não estarei mais com vocês. Mas minha vida não se acabará
porque eu irei ajudar outras vidas a nascer...
A rosinha mais nova não entendeu muito bem mas ficou pensando...
Alguns dias depois, numa noite de chuva, as rosas despertaram
com um leve barulhinho. Era a Rosa Irmã-mais-Velha que se soltava do galho mais
alto da roseira. Ao cair no chão, suas pétalas bem velhinhas se espalharam,
misturaram-se com a terra e a chuva e ali ficaram.
Algum tempo depois, quando a roseira parecia com mais vida,
surgiu num dos galhos um lindo botãozinho de rosa...
E todas as rosas compreenderam que a vida nunca se acaba...
Surge sempre em nova forma.
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