Na bíblia: (Mateus, 13:1-9 - Marcos
4:1-9 - Lucas 8:4-8)
Naquele mesmo dia, tendo saído
de casa, Jesus sentou-se à borda do mar. Em torno dele logo reuniu-se grande
multidão. Disse, então, Jesus ao povo:
Saiu o que semeia, a semear a
sua semente. E ao semeá-la, uma parte caiu ao longo do caminho, foram pisadas e
as aves do céu a comeram.
Outra parte caiu em lugares
pedregosos, onde não havia muita terra; nasceu depressa; mas logo que saiu o
sol, foram queimadas porque não tinha raízes.
Outra parte caiu entre
espinheiros, e logo os espinhos que nasceram com elas as abafaram.
Outra, finalmente caiu em terra
boa, vingou, cresceu, produziu frutos.
Dito isto, começou a dizer em
alta voz:
- O que tem ouvidos de ouvir,
ouça.
Então os seus discípulos lhe
perguntaram que queria dizer essa parábola, e ele, explicando-a, lhes
respondeu:
A semente é a palavra de Deus.
A que cai à beira do caminho,
são aqueles que a ouvem; mas, depois, vem o mau e tira a palavra de seus corações,
para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
A que cai no pedregulho,
significa os que recebem com gosto a palavra, quando a ouvem; mas, não tendo
raízes, em sobrevindo a tribulação e a perseguição por causa da palavra, logo
se escandalizam e voltam da atrás.
Quanto a que caiu entre
espinhos, são os que ouvem a palavra; mas, os cuidados deste mundo, a ilusão
das riquezas e as outras paixões, a que dão entrada, afogam a palavra, e assim
fica infrutuosa.
Mas a que caiu em boa terra,
são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com
perseverança.
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Evangelho da
Meninada
E agora vou contar-lhes uma
bonita parábola de Jesus; chama-se a parábola do semeador.
— Parábola! O que é parábola, dona Lina, perguntamos curiosos.
— Parábolas são pequeninas histórias que encerram sempre um
ensinamento. Jesus recorria muito a parábolas para ensinar ao povo.
Um dia um semeador saiu a
semear trigo em seu campo. Uma parte das sementes caiu na beira da estrada, foi
pisada pelos que passavam e os passarinhos comeram-nas. Um punhado caiu entre
pedregulhos, nasceu mas logo secou. Outra parte caiu entre espinhos. Os
espinheiros cresceram e afogaram as plantinhas. E por fim muitas caíram em boa
terra; germinaram, cresceram e deram muito trigo; cada grão produziu cem.
— Tal e qual a horta que o Antônio fez; onde tinha pedras, não deu
nada, disse dona Leonor.
Todos olhamos para o sr.
Antônio, que procurou justificar-se explicando que não percebera as pedras sob
a leve camada de terra. Dona Lina riu e continuou:
- Vou dar-lhes o sentido da parábola do semeador. O
campo que o homem semeou é o mundo; as sementes são os ensinamentos divinos que
Jesus nos trouxe. Quem ouve os ensinamentos e não os pratica, é como a semente
que caiu na beira da estrada, pisada pelos caminhantes e comida pelos
passarinhos. Outros recebem com prazer os ensinamentos mas pouco tempo depois
os esquecem; são os que receberam a semente entre pedregulhos. Aqueles que recebem
a semente entre espinheiros são os que acham difícil praticar as lições divinas
e preferem viver entregues aos negócios do mundo. Finalmente os que recebem a
semente em boa terra, são todos aqueles que procuram viver de acordo com as
lições de Jesus.
— E como é que se vive de acordo com as lições de Jesus, dona Lina?
perguntou a Cecilia.
— Fazendo sempre o bem e perdoando as ofensas que os outros nos
fizerem, respondeu prontamente o Roberto.
— Isso mesmo, confirmou dona Lina. Jesus compara o mundo a uma grande
roça onde devemos plantar as sementinhas do bem, as quais, germinando, farão a
humanidade feliz.
— Mas o mundo é tão grande, Lina! suspirou dona Aninhas.
— De fato, Jesus também notou a extensão do trabalho; por isso disse
a seus discípulos:
— “A seara verdadeiramente é grande e os trabalhadores são poucos.
Peçam ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara”.
Quero ver em que terreno vão
cair as sementes que hoje estou plantando no coração de vocês.
— Esperemos que nossos corações sejam terra boa, onde frutifiquem as
lições do bem, disse dona Leonor.
— Jesus
também afirmou que os que praticam suas lições são como uma lanterna que um
homem acendeu para alumiar toda a casa. E agora até amanhã que já passa das
oito horas, concluiu dona Lina, levantando-se.
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A semente é a palavra de Deus.
O solo, o coração.
Conforme a sua vontade, na
aceitação da palavra de Deus e na maneira como procedem após tê-la ouvido, os
homens podem ser classificados como: “beira do caminho”, “pedregal”,
“espinheiro” ou “terra boa”.
A que cai à beira do caminho,
são aqueles que a ouvem; mas, depois, vem o mau e tira a palavra de seus
corações, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
Há a turma da “beira”.
É o pessoal do lado de fora, alheio à palavra.
Seus representantes comparecem ao Centro Espírita motivados por variados
problemas, de ordem física e emocional.
Procuram o hospital.
Sua intenção é meramente receber benefícios. Escasso interesse quanto às
palestras e orientações.
A atenção fica difícil, vêm os bocejos; as pálpebras pesam; cerram-se se
os olhos e o sono triunfa. O conhecimento da D.E. faz apelo à razão, que exige
atenção e disposição para assimilar seus conceitos renovadores. (Richard S.)
A que cai no pedregulho,
significa os que recebem com gosto a palavra, quando a ouvem; mas, não tendo
raízes, em sobrevindo a tribulação e a perseguição por causa da palavra, logo
se escandalizam e voltam da atrás.
Há a turma das “pedras”.
Ouvem a palavra e a recebem com alegria.
Assimilam algo, mas não estão dispostos a enfrentar os dissabores da
adesão.
O sol abrasador dos preconceitos e das discriminações torra facilmente
as frágeis raízes de sua fé.
Acontecia com o Espiritismo no passado.
Falava-se que os espíritas eram adoradores do demo. As pessoas
recusavam-se a passar em frente ao Centro.
Na própria família havia problemas. Raros resistiam.
Ainda hoje, temos simpatizantes que não se integram para não criar
problemas com o cônjuge, renunciando a um dos dons mais preciosos da existência
– a liberdade de consciência, o direito de exercitar nossos ideais e
convicções. (Richard S.)
Quanto a que caiu entre
espinhos, são os que ouvem a palavra; mas, os cuidados deste mundo, a ilusão
das riquezas e as outras paixões, a que dão entrada, afogam a palavra, e assim
fica infrutuosa.
Há a turma dos “espinhos”.
Aceitam a palavra, mas as seduções do mundo a sufocam.
Com a ampla visão das realidades espirituais que a Doutrina Espírita nos
oferece, ficam encantados, mas…
Conversei, certa feita, com um simpatizante:
– O Espiritismo é bênção de Deus. Amo seus
princípios, a ação espírita no campo social, o exercício da caridade. Gostaria
de participar, mas não me sinto preparado. Sou fumante inveterado e abuso dos
aperitivos.
Como comerciante, nem sempre me comporto com lisura e reconheço ter
gênio difícil.
O Espiritismo deitou boas raízes nele, mas as fraquezas, espinhos
danosos que não quer eliminar, falam mais alto.
Outro dizia.
– Reconheço-me despreparado para a Doutrina, mas não
me preocupo. Temos a eternidade pela frente.
Realmente, temos todo o tempo do mundo, para atingir a perfeição, mas as
pessoas esquecem uma recomendação de Jesus (João, 12:35): Andai enquanto tendes
luz.
Imperioso aproveitar as oportunidades de edificação da jornada humana. É
para isso que estamos aqui.
Amanhã, poderá nos faltar a luz, a lucidez, a saúde, o vigor físico, a
possibilidade de mudar e penoso será o futuro se não o fizermos. (Richard S.)
Mas a que caiu em boa terra,
são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com
perseverança.
E há a turma do “solo fértil”.
É o pessoal que ao primeiro contato com a palavra, sente um frêmito de
emoção, algo que toca o mais íntimo do ser, como se sua vida estivesse, até
então, em compasso de espera. É um maravilhoso despertar, que ilumina os caminhos.
Estes logo “arregaçam as mangas” e tornam-se
multiplicadores de sementes, produzindo trinta, sessenta ou cem por um, segundo
suas possibilidades, mas sempre estendendo o Bem ao redor de seus passos para
que o Reino se estenda pelo mundo. (Richard S.)
Há um aspecto a ser destacado.
Por que, se somos todos filhos de Deus, há vários tipos de solo?
Por que muitos não se sensibilizam?
Por que, há os que se sensibilizam, mas permanecem distantes,
preocupados com opiniões alheias?
Por que há os que se aproximam, mas não estão dispostos a se envolver?
Por que, enfim, há os que se envolvem?
Por que, dentre eles, há os que produzem pouco e os que produzem muito?
Que fatores determinam reações tão díspares?
Se a palavra é para todos, porque não somos todos dadivosos?
A teologia medieval situava a turma do “solo fértil”
como indivíduos escolhidos por Deus para a santidade, mas isso só complica a
questão, configurando uma injustiça inconcebível.
Por que Deus escolheu o meu irmão ou o meu vizinho ou o meu adversário?
Por que não eu?
Só a reencarnação pode explicar essa diversidade de solos.
A natureza de nosso envolvimento com os valores do Evangelho e o que
produzimos, condiciona-se à maturidade.
A vocação de servir, a disposição de uma participação efetiva, são
frutos de experiências pretéritas.
Geralmente, o servidor do Evangelho já nasce feito, não por mera graça
divina, mas como o resultado de suas experiências anteriores.
Veio da “beira”, para o “solo
dadivoso”, com trânsito pelos “espinhos” e
as “pedras”.
***
Será que podemos, já na presente existência, entrar para a turma
especial do “solo dadivoso”?
Sem dúvida!
O lavrador pode limpar o campo, tirar as pedras e os espinhos revolver a
terra, aplicar adubo…
Podemos e devemos fazer isso.
Para isso estamos aqui.
Depende de nossa iniciativa.
É preciso tão somente usar a enxada da vontade, revolver a terra da
indiferença e aplicar o adubo do trabalho, preparando o solo do coração para as
sementes do Evangelho.
Então, gloriosa será a nossa passagem pela Terra, com frutos dadivosos
em favor do próximo e abençoada edificação para nós.